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Qual é o nosso alvo?



Tenho acompanhado a avalanche de informações e noticiário na mídia a respeito do encerramento das atividades do Exodus Internacional nos Estados Unidos. Um dos motivos dados por Alan Chambers, presidente do Exodus Internacional, para encerrar as atividades do ministério é justamente o fato de que hoje ele não acredita mais na mudança da orientação homossexual para heterossexual.


Tenho pensado nisto tudo, e chego a conclusão que para um Cristão que experimenta conflitos em sua sexualidade, esta questão de mudar ou não mudar o comportamento ou os sentimentos ou atrações sexuais não é tão importante assim, pois creio que o nosso verdadeiro alvo não deve ser meramente a mudança de orientação sexual, ou seja, “mudar de homo para heterossexual”, como é tão comumente proclamado por tantas pessoas, especialmente pelas igrejas que frequentamos.

Alan Chambers, Presidente do Exodus Internacional

Qual deve ser o nosso verdadeiro alvo? Em João 15 Jesus narra uma parábola muito interessante. Nesta parábola nós somos comparados aos ramos da videira, que, permanecendo na videira, produzem os frutos. Ou seja, os frutos são consequência do permanecer na videira, e não de esforços dos ramos para produzi-los. Em outras palavras, a ocupação dos ramos não deve ser produzir frutos; esta é uma mera consequência do permanecer na videira. Semelhantemente, nossa ocupação não deve ser a obsessão com os frutos, ou seja, mudar isso ou aquilo em nossas vidas, mas sim nos envolvermos intimamente com nosso Pai Celestial, por meio de Jesus Cristo. Este envolvimento íntimo, (ou permanência), por sua vez, é que produzirá os frutos (ou resultados e mudanças), cada qual no seu devido tempo.


Além disso, vejo mais alguns problemas quando focalizamos nossa atenção exclusivamente na “mudança da homo para a heterossexualidade:”


Em primeiro lugar, nenhum de nós é um ser meramente sexual. Nós somos seres espirituais, que temos uma alma e habitamos um corpo físico. A nossa sexualidade faz parte de quem nós somos, mas não define quem somos. Nossa verdadeira identidade está no aspecto espiritual do nosso ser. Desta forma, há somente dois tipos de pessoas sobre a face da Terra, do ponto de vista de Deus: aqueles que continuam mortos, por estarem desconectados de Deus, que é a única fonte de vida verdadeira, e aqueles que estão vivos, por terem crido e recebido Cristo como sua vida.


Em segundo lugar, se meu enfoque está na “mudança”, quando é que saberei quando realmente “já mudei?” Apenas quando estiver casado, com filhos? Ou quando tiver desejos sexuais apenas pelo sexo oposto? Será que isto é garantia de mudança? E se alguém, que já não pratica mais a homossexualidade, eventualmente experimentar tentações homossexuais, como é que fica? Significaria que não foi liberto da homossexualidade? É claro que não!! Jesus mesmo nos disse que seríamos tentados; que a tentação e as lutas fariam parte da nossa jornada nesta terra. Além disso, quantos de nós até mesmo já experimentamos atração pelo sexo oposto, porém sabemos que ainda há áreas mais importantes que atração sexual, que precisam de amadurecimento em nossas vidas!


Desta forma, o enfoque voltado apenas para “mudança” pode gerar muito desânimo, pois o processo, visto desta maneira, é muito lento; a longuíssimo prazo – realmente leva muito tempo, talvez toda a nossa vida. Pode até mesmo ser que alguns de nós nunca cheguemos a experimentar o casamento. Mas seria isto um “atestado” de que não teria havido mudança em minha vida? Ou invalidaria todo o resto da obra de Deus em nós?


Isto me leva a um outro questionamento: para que fomos originalmente criados? Para algum tipo de desempenho, ou para experimentarmos comunhão íntima com Deus? Eu creio que a razão principal pela qual Deus criou cada um de nós foi para termos comunhão íntima com Ele, para sermos um com Ele. Por este motivo Ele enviou Jesus para morrer em nosso lugar na cruz, para que pudéssemos ser comprados de volta para Ele mesmo. Deus deseja intimidade conosco. E creio que esta intimidade é o que nosso coração realmente deseja. Posso experimentar esta intimidade já, neste exato momento. Não preciso esperar um só minuto; não é necessário que eu mude isso ou aquilo em minha vida, para que possa entrar em intimidade com Deus; basta simplesmente receber Cristo como vida em mim, e adentrar o Santo dos Santos, que é o meu coração, onde Ele mora, e retomar o crescimento, tudo por causa do sangue do cordeiro de Deus, que foi derramado por mim na cruz, e do seu corpo partido, que me dá nova identidade.


O que Deus mais deseja de nós NÃO É A MUDANÇA, em primeiro lugar, mas sim que recebamos Sua vida em nós como nossa própria vida. Marta escolheu ocupar-se com as tarefas relacionadas a ter Jesus em sua vida; Maria preferiu ocupar-se do próprio Jesus… Maria provavelmente sabia que havia muitos afazeres domésticos por fazer, especialmente tendo em casa um hóspede tão importante… ou seja, ela poderia ter colocado sua atenção nas coisas que precisavam ser feitas, nas “mudanças”, mas ela também percebeu que estar aos pés de Jesus era muito mais importante.


O que Deus mais deseja de nós NÃO É A MUDANÇA, em primeiro lugar, mas sim que recebamos Sua vida em nós como nossa própria vida.

Porque ficamos tão obcecados pela mudança? Será que ela é tão importante assim? E se a mudança em sua vida levar muito tempo, digamos, dez anos… Isto significa que estes dez anos seriam necessariamente anos de infelicidade e falta de propósito? Por outro lado, digamos que você coloque a mudança de lado (os afazeres), e resolva, como Maria, envolver-se intimamente com Deus, aceitando Seu convite para abrir a porta, deixá-Lo entrar, e receber dele o pão da vida que dá nova identidade, e o vinho da alegria que nos dá um novo começo… E quando você aceita entrar nesta comunhão, aos poucos vai entregando-se totalmente a Ele, e O vai conhecendo mais e mais, aprendendo a ouvir Sua voz… aos poucos você vai começar a sentir o que Ele sente; vai começar a ver as circunstâncias como Ele as vê… e vai começar a querer o que Ele mesmo quer… Quando você se dá conta, as mudanças (os frutos) já estão começando a surgir em sua vida, e você sequer havia percebido…


Isto faz sentido para você? E não é isto que seu coração realmente deseja, ser envolvido nos braços do Pai, e ouvi-lo dizendo o quanto Ele o ama, o quanto Ele se orgulha de você, independente do que já mudou ou não em sua vida? Este tem sido o desejo do meu coração, e é o que Ele me tem dito, sempre que deixo de lado as preocupação com todas as expectativas ao meu redor, e me coloco a Seus pés, e descanso nele.


Não sou contra a mudança. Ela é boa e necessária, e creio que faz parte do plano de Deus para nossas vidas. Porém sou contrário à forma como a mudança é tratada, como algo que mede o quanto já progredimos, especialmente quando esta é ditada pelo mundo, e não pela Palavra de Deus.


De certa forma, há um paradoxo nisto tudo. É justamente quando deixo a “mudança” de lado, e me ocupo de minha intimidade com Deus, e passo a cultivá-la como minha maior prioridade, é que a mudança começa a ocorrer! E esta é uma mudança diferente, pois não é resultado de meus esforços para mudar, pois não estou ocupado disto; pelo contrário, é fruto da permanência nele, da intimidade com Ele, uma intimidade na qual não há preocupação com mudança. E este é o fruto que vem acompanhado de paz, alegria e descanso, e que gera louvor e glória ao nosso Senhor Jesus Cristo!


pois não é resultado de meus esforços para mudar, pois não estou ocupado disto; pelo contrário, é fruto da permanência nele, da intimidade com Ele

Que Deus abençoe sua vida, e dê a você a capacidade para ocupar-se dele inteiramente, como sua maior prioridade, e que as mudanças sejam apenas a consequência desta experiencia!

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